sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sobre o bilhete únicoPor Movimento Passe Livre São Paulo


Texto 1: Amigo de Quem? Texto

Texto 2: Integração e Bilhete Único Texto

Texto 3: Alterações no Bilhete Único ? Benefícios?

Texto 1: Amigo de Quem? Recentemente nos deparamos com várias propagandas da prefeitura e da Sptrans que afirmam: "quando todos pagam, todos ganham". Ao que tudo indica, a prefeitura afirma que o fato de não termos mais o direito da integração caso o bilhete não esteja previamente carregado é bom para nós. Esta não é a primeira ação da prefeitura para reduzir o uso do bilhete único. Primeiro reduziram o número de integrações, depois nos obrigaram a cadastrar nossos bilhetes e agora não podemos mais usar o bilhete se pagarmos a tarifa dentro do ônibus. Sempre que restringem nossa mobilidade usam a mesma desculpa: "precisamos reduzir as fraudes". Ou seja: nós, usuários, pagamos mais para que a prefeitura e os empresários não ganhem menos. A gente paga e eles ganham, aliás ganham antes da gente usar o ônibus! Quando nos obrigam a carregar o bilhete antecipadamente, os técnicos do Transporte aparentemente não levam em conta que nós não ganhamos nosso salário antecipadamente, que muitos de nós são camêlos, diaristas, pedreiros, que vivemos de bico; ou seja, recebemos o dinheiro da condução por dia. A medida da prefeitura leva boa parte de nós a não conseguir mais fazer integrações, e continuamos tendo que pegar dois ou três ônibus para trabalhar. E aí como fica? A prefeitura fala que a gente agora pode andar com o "bilhete amigão" por oito horas no fim de semana. Eles acham que a gente só não tem dinheiro para andar de ônibus no domingo? Nos outros dias tudo bem a gente pagar a tarifa normal? Ou será que eles admitem que temos que passar uma hora a mais no ponto no domingo e por isso aumentam o tempo de integração? Amigo de quem? Meu é que não é.

Texto 2: Integração e Bilhete Único Apesar de toda propaganda envolvida na implementação do bilhete único em 2004 nós sabemos bem que prefeitura não fez isto apenas para nos beneficiar. O bilhete único fez parte de um plano de transportes que coloca a integração como um fator logístico de organização do transporte coletivo, ou seja, racionaliza a organização do transporte, permitindo diminuir custos dos empresários, diminui roubos pois diminui a quantidade de dinheiro com o cobrador e melhora a distribuição de passageiros pois esses tem mais opções podendo pegar mais de um ônibus com a mesma passagem. O que fica claro para nós é que o bilhete único não é uma esmola. É uma política pública que beneficia tanto usuários como empresários do transporte público. Sabemos que este benefício é pago pelas tarifas e por subsídios públicos que vem do dinheiro dos impostos. Ou seja, quem financia o beneficio da integração são os próprios usuários, não há favor nenhum do poder público e os empresários também não perdem dinheiro com isso. O bilhete único é um beneficio, pode ser modificado, pode atender melhor aos interesses dos usuários, e sabendo disso podemos olhar de maneira crítica para a ação da Prefeitura sobre esse beneficio, e contestá-la quando ela vai contra as nossas necessidades como usuários e usuárias do transporte coletivo.

Texto 3: Alterações no Bilhete Único ? Benefícios? Todos nós que andamos de ônibus já tivemos que, pelo menos uma vez, brigar com cobrador ou já passar por uma situação muito desgradável do tipo: "Mas faltava meia hora pra acabar minha integração?!", ou "Tinha mais crédito, tenho certeza!". Os anúncios publicitários gritam incessantemente na nossa cabeça as maravilhas desse sistema eletrônico, cada dia mais usuários são prejudicados com as falhas (humanas ou eletrônicas) desse sistema. E o pior é que na maioria das vezes o usuário não tem sequer meios de contestar, já que pra isso é necessário comparecer à SPTrans em horário comercial, inviável para a maioria dos trabalhadores. Eles fazem agora todo esse estardalhaço em cima do tal bilhete amigão para esconder que o objetivo do Bilhete Único não é adiantar o lado de quem pega ônibus, mas sim controlar o máximo possível o uso do transporte, condicionando o usuário a carregar "tanto" de "forma tal" da maneira que for mais conveniente e rentável pras empresas. Pois é: quem sustenta todo o sistema de transporte e enche o bolso dos donos das empresas é sempre o último a decidir seja sobre a tarifa, seja sobre as linhas e os itinerários ou até mesmo sobre como vai pagar pela sua condução. Isso prova que o sistema de transporte não passa de mais um negócio rentável, e funciona com único objetivo de lucrar em cima dos cidadãos trabalhadores. Se não fosse assim, quem sabe seu Bilhete Único não ia funcionar melhor? MPL Você que leu os textos acima e usa o transporte coletivo todo dia sabe que a situação aqui em São Paulo está muito complicada. Os anos se passaram enquanto prefeitos e governadores de diversos partidos pouco ou nada fizeram em relação aos problemas que nós enfrentamos com a péssima qualidade dos ônibus, trens e metrôs da cidade. E todas as decisões tomadas, sobre o transporte coletivo, são feitas sem qualquer participação das pessoas que utilizam esse transporte, ou seja, em reuniões fechadas onde nós usuários não somos consultados. Desta forma empresários e o governo cortam linhas de ônibus, criam regras e normas para o embarque e desembarque e pior: aumentam a tarifa de forma abusiva, muitas vezes acima dos aumentos de salário e da inflação! O Movimento Passe Livre acredita que essas decisões devem ser tomadas por todos nós que usamos os ônibus, trens e Metrôs todos os dias! Acreditamos que toda a população deve ser ouvida e não apenas empresários e governantes que lucram muito dinheiro com o transporte coletivo da cidade. O Passe Livre é um movimento que nasceu das revoltas e manifestações contra o aumento das tarifas em cidades como Salvador e Florianópolis e hoje está organizado em várias cidades do país como um movimento popular, autônomo e que luta por um transporte público de verdade e sem exclusão social. Além de lutar pela participação popular nas tomadas de decisões e pela melhoria na qualidade do transporte coletivo, lutamos para que toda a população possa ter acesso a toda a cidade e por isso defendemos o fim das tarifas. Defendemos que o transporte deve ser custeado por impostos progressivos, ou seja, aqueles cobrados da parcela mais rica da população: bancos, shopping centers, grandes empresas e proprietários de carros chiques e casas enormes. E é isso que entendemos por Passe Livre, o direito de ir e vir de todos assegurado de forma justa e total.
Email:: mpl-sp@riseup.net

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